Título: Roubada.
Título original: Stolen.
Autora: Lesley
Pearse.
Editora: Novo
Conceito.
Nº de páginas: 384.
Sinopse: Quando
uma bela moça loira foi encontrada desacordada em uma praia, ela não tinha
nenhuma lembrança de quem era ou dos horrores pelos quais havia passado antes
de chegar ali. A esteticista Dale não via Lotte Wainwright há tempos, mas, para
seu pesar , reconheceu sua amiga na foto publicada pela imprensa local em um
artigo que noticiava as misteriosas circunstâncias do aparecimento da jovem
que, recentemente, havia dado à luz. Após uma longa separação entre Lotte e
Dale, uma perigosa sequencia de segredos, mentiras e pesadelos tem iníicio. O
que aconteceu com Lotte? Alguém queria matá-la? E, o pior, o que acontecera com
o bebê que dera à luz? Imagine não saber de onde você veio e o que o futuro lhe
reserva... ~~~ Ao se aproximar, David percebeu, para seu horror, que era uma
mulher. Suas pernas desnudas ainda estavam dentro da água e, quando as ondas
chegavam, levantavam a saia do vestido e faziam com que se agitassem. A cabeça
não ficou visível até que ele se aproximasse, e David percebeu que ela era
jovem, com mais de 20 anos, esguia e bela, e que seu cabelo loiro havia sido
cortado de forma descuidada e brutal. —Quem é você?—ele perguntou, abaixando-se
ao seu lado nos pedriscos da praia, erguendo-a até que estivesse sentada e
apoiada contra seu ombro. David tomou o pulso da mulher. Embora a pele dela
estivesse fria como o gelo e muito enrugada por causa da submersão, ele
conseguiu sentir uma pulsação leve.” Contrariando todas as expectativas, ela
está viva, mas não faz a menor ideia de quem seja. Contudo, quando sua foto é
colocada no jornal local, uma antiga companheira de trabalho no cruzeiro que
fez pela América do Sul a reconhece.
Nota Pessoal:
Forte e intenso, Roubada, é o
típico livro cheio de surpresas e revelações que a cada página virada, causa no
leitor as mais variadas emoções: comoção, revolta, raiva, compaixão... E acima
de tudo, é uma história que me fez refletir sobre a ingenuidade, maldade e
psicopatia humana. Até que ponto você confiaria em alguém? Até onde você iria
para alcançar seu objetivo? Como caminhar pela linha tênue oferecida pela
efemeridade ingênua de uma fatalidade?!
Ao inspirar – figurativamente – as primeiras palavras desta história da
Lesley, logo percebi que a autora seguiria um caminho diferente do seu
consagrado e meu queridinho Belle. Salvo algumas características
compartilhadas – como o fato da autora construir personagens femininas muito
fortes – as duas histórias me parecem seguir caminhos totalmente distintos (e
era pra ser). Roubada traz um
thriller contemporâneo que apesar de intenso e fortemente armado de
peculiaridades extremamente atrativas, à princípio não me prendeu totalmente à
atenção (sim, ainda fazendo uma comparação com outros livros da autora), mas
reafirmou minha teoria de que Lesleu Pearse é uma das melhores contadoras de
histórias que já pude ‘conhecer’.
Toda a história gira em torno de uma mulher misteriosa, encontrada na
praia por um homem chamado David. Ao ter sua foto estampada nos jornais, ela é
reconhecida por Dale como Lotte, sua antiga amiga que há algum tempo andava
‘sumida’. Uma série de segredos é descortinada aí: Lotte perdeu a memória e
nesse meio tempo em que as duas não se falavam ela teve um bebê – e talvez esse
seja seu maior desespero após a perda da memória: onde estaria o bebê?
Junto com David, Dale é obrigada a encarar uma série de descobertas de
uma Lotte que lhe era desconhecida. São vários os segredos que permeavam a vida
da jovem e agora, sem lembrar quase nada, ela tem apenas seus aparentes amigos
para tentar descobrir tudo o que aconteceu nesse meio tempo.
É aí que as verdades e meias verdades surgem. Com o envolvimento da
polícia, Dale percorre, junto com alguns outros amigos de Lotte, os caminhos tortuosos
da infância e juventude e dos últimos meses que antecederam seu aparecimento na
praia.
Lesley Pearse foi impecavelmente magistral ao refazer os passos de Lotte
através dos seus amigos. Pouco a pouco, a autora nos vai apresentando os
sofrimentos da infância de uma garota pouco amada, de uma adolescente reclusa e
vai plantando ali o desejo e a esperança de mostrar ao mundo – e aos pais
amargos – que independente de como, onde, ou através de que, sempre existirá um
lugar que nos acolherá como um lar.
Não estranhe se no começo a história parecer pouco interessante ou até
‘travada’. Comigo também foi assim. Eu lia uma, das, três, dez páginas e
pensava que a Lesley tinha errado a mão e escrito só ‘mais uma história’.
Acreditem, não é. Lotte é uma personagem que vai sendo delineada aos
pouquinhos, página a página, e que merece o reconhecimento e a atenção do
leitor. Vemos não uma personagem que
apenas representa o espírito de alguém capaz de nos ensinar grandes lições, mas
uma que também é vulnerável e suscetível às armadilhas do destino. Está, sem
dúvidas, entre as personagens mais impactantes e fortes – se considerada a
situação ambientada – que já me foi apresentada.
Agora, como explicar que apenas de ser tão bom quanto é, o livro não é
merecedor de 5 estrelas?! É difícil. É bem difícil, para mim especialmente,
falar que a Lesley pecou na forma como introduziu a história. As primeiras
cinquenta páginas parecem fadadas a uma história fracassada – e uso esse
adjetivo por justamente sê-lo quem me acompanhou durante essas primeiras
páginas. Só com uma força de vontade tremenda e a esperança de um
desenvolvimento e clímax dignos – e eles o foram – é que consegui superar esse
começo chato, parado e sem perspectivas. Entendo; entendo que talvez tenha sido
necessário para situar e familiarizar o leitor, porém, não rolou comigo. MAS,
ainda bem que o peso do nome da autora – é gente, acho que eu leria todos os
livros de um escritor que escreveu um livro como Belle – me fez superar essa
pequena frustração (?) com o começo.
A autora trata diversos assuntos polêmicos sem amenizações e foi isso
que humanizou cruel e amavelmente a obra. Não é apenas Lotte a personagem forte
– apesar de ser a principal. O retrato da amiga fiel se mostra aqui através da
Dale. Juntas, elas se descobrem como vitimas indefesas de circunstâncias cruéis
e artimanhas de um psicopata que é o responsável por quase todo o sofrimento de
Lotte – ou o sofrimento que é tratado como prioritariamente no livro.
É um livro impactante e os traços de psicopatia – psicopatia mesmo! –
são encarnados por ‘vilões’ que ora se mostram bons, ora maus. Na verdade,
talvez eu entenda muito pouco do assunto, mas acho que a Lesley tratou do
assunto psicopatia de uma maneira bem real e crível. Os ‘vilões’ caminhavam por
esses labirintos da quase irrealidade platônica. Fiquei não apenas consternado,
mas abismado com tudo que a Lotte passou.
Diria para você que já leu Belle e gostou descontruir suas expectativas
para Roubada – se você ainda não o leu; e só a cargo de curiosidade Roubada foi
publicado bem antes de Belle – e se jogar na leitura esperando o que talvez a
Lesley saiba fazer de melhor: contar uma história que te deixará com o coração
apertado, mas que te emocione e te faça acreditar na força e na capacidade
humana de sempre buscar não apenas finais felizes, mas finais que te façam
enxergar o mundo como ele realmente é.
Boa Leitura!
Oooi Ronaldo!
ResponderExcluirLi Entre o Amor e a Paixão, como você bem sabe. Além disso já sabe minha opinião sobre esse livro. A escrita de Lesley é intensa e ao mesmo tempo simples. Espero poder ler todos os livros escritos pela autora. Então, é claro que esse não ficará de fora (mesmo sabendo o que as primeiras páginas irão me reservar).
Ótima resenha.
Beijos :**