quinta-feira, 2 de outubro de 2014

[Resenha] Primavera Eterna - Paula Abreu

Título: Primavera Eterna.
Autora: Paula Abreu.
Editora: Arqueiro.
Nº de páginas: 128
Sinopse: Maia é uma jovem publicitária bem-sucedida. Tem um emprego estável, um namoro estável, uma vidinha estável. Até demais. Certo dia, tentando imaginar como seria sua vida no futuro, o casamento, os filhos, visualiza duas crianças loirinhas correndo... Loirinhas? Então ela se dá conta de onde vem aquela cor de cabelos: Diogo, o menino por quem se apaixonou à primeira vista aos 12 anos, numa cidadezinha do interior, onde costumava passar os fins de semana com a família. Acontece que ele se mudou para os Estados Unidos há mais de dez anos, e a essa altura da vida, já nem deve se lembrar mais dela.

Mesmo assim, num impulso, Maia pede férias na agência, inventa uma viagem de trabalho como desculpa para o namorado e vai para Nova York, atrás do seu primeiro amor. Primavera Eterna é a história de uma jovem cheia de sonhos esquecidos, que ousa arriscar tudo o que tem e acaba encontrando a si mesma. 

Nota Pessoal:

Jovem, divertido e tão doce e florido quanto a primavera poderia ser, Primavera Eterna é aquela livro que vai te fazer refletir sobre as muitas escolhas que vivemos fazendo todos os dias: estou no emprego certo? Estou com a pessoa certa? É realmente isso que eu quero para a minha vida?. É uma história até um pouco sonhadora (como sua personagem principal), mas talvez esse tom de correr atrás do sonho seja empregado justamente para nos dizer: ei, não seja conformista; corra atrás daquilo que faz seu coração bater um pouquinho mais acelerado.

Paula Abreu criou uma protagonista digna de fazer o leitor dar boas risadas. A Maia parece ironizar sua própria infelicidade e vez ou outra solta umas pérolas que me fez parar, fechar o livro e começar a rir. Como não rir de uma protagonista que se indaga sobre os motivos de ter sido feita da costela de Adão quando muito bem poderia-se ter arrancado uma da Marilyn Monroe e a feito dali? É com essas tiradas sarcásticas que a sonhadora e bem-sucedida publicitária – e é preciso dizer, nem um pouco conformista – Maia parecia se contentar até certo ponto. Mas como bem eu disse, nem um pouco conformada com a vidinha estável, ela resolve nada mais nada menos do que pedir férias da agência, enrolar o namorado, e partir para onde?! Nova York! E para quê?! Para encontrar um garoto lá da infância; seu primeiro amor!

Por aí, suponho, já dá pra perceber a mensagem que a autora quis passar com sua história. Projetando na protagonista todas as inquietações que um coração pode ter com relação às maiores trivialidades da vida – e principalmente, do amor – Paula Abreu desenvolveu um romance desses que você pode ler num único dia (no meu caso, numa única noite).

Mesmo e apesar de ser um livro bem pequeno (e eu fiquei realmente inconformado com isso) a autora abre espaço para nos fazer ver os porquês que movem a Maia já adulta. Ela busca lá na infância as brincadeiras de bolinha de gude, o pique-esconde, o fim de semana no interior do Rio e o amor à primeira vista de duas crianças que por uma casualidade do destino se viram em países diferentes. E mesmo crescendo, amadurecendo e se tornando bem-sucedida no seu trabalho, Maia não esquece o Diogo. E por não esquecê-lo, ela quer arriscar encontrá-lo de novo – embora, cheia de dúvidas quanto a como ele estaria agora, e a verdade é que quando se reencontram nada é como se espera, exatamente como costuma acontecer fora dos livros.

É até certo ponto uma Maia ingênua. Quer dizer, quem em sã consciência largaria tudo só para encontrar um garoto pelo qual se apaixonou lá na infância e que nem tem mais contato? Mas acho que é esse o ponto. A ingenuidade é o que faz do livro um tantinho mais especial e reflexivo. A inconformidade da protagonista nos faz enxergar a nossa própria (in)conformidade. Ela é sonhadora e acredita no amor tão fielmente a ponto de abandonar tudo por ele.

Porém, não é apenas sobre amor que a história de Maia se baseia. Ela está cheia de medos e aventuras na bela NY. É o amor de infância que a faz sair do Rio e embarcar para outro país, mas se isso não valer a pena, dane-se, o que importava não era no fim das contas o objetivo – era também, e no fim do livro, tanto a Maia quando o leitor descobrem isso -, mas o caminho percorrido. O que a levou a fazer tudo aquilo. A trajetória é o que vale. Mesmo que no fim você se depare com um imenso ‘não’, os ‘sim’s que encontrou pelo meio do caminho serviram como aprendizado.

Não poderia deixar de atentar que a Maia tem muito da sua criadora. Logo na “Apresentação” do livro, Paula Abreu, ao contar o processo que a levou a escrever este livro, nos dá dicas de como sua personalidade se transmuta na de Maia. A não conformidade. A inquietação. E até o sonho de ser escritora – sim, tanto a Maia quanto a Paula Abreu tinham abandonado o sonho de escrever.

Eu só queria dizer que... o livro foi tão divertido que eu não queria que acabasse logo. Ele é tão pequeno! Não ficou faltando nada, é verdade. A história toda tá ali, começo, meio e fim, mas bem que a Paula poderia enrolar mais e me fazer rir mais um bocadinho com as loucuras da Maia. Mas acho que talvez a história seja essa, desse tantinho. Talvez sua leveza e docura tinham que ser em apenas 117 páginas.

Primavera Eterna é de rir, de se emocionar, de sonhar e de “sair da sua zona de conforto”. É de dizer: se arrependa por quebrar a cara por fazer o que o seu coração manda, mas não passe o resto da vida adubando as inquietações que o amarguram.

Foi uma verdadeira e deliciosa surpresa! Pena que acabou num instantinho.

Boa Leitura!

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3 comentários:

  1. Olááá
    Nossa, assim que vi essa capa, achei muito lindinha e fiquei com muita vontade de ler o livro, é uma daquelas leituras leves e gostosa e com certeza vou ler em breve, ainda mais depois da sua resenha haha que bom que gostou também.

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/2014/10/resenha-extraordinario-r-j-palacio.html

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  2. Nossa, eu comprei o livro hoje e estava com preguicinha de ler. Mas depois dessa sua resenha vou ali ler agora mesmo(passos apressados em direção ao quarto). Valeu pela resenha.

    entreonadaeotudo.blogspot.com

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  3. Nossa, eu comprei o livro hoje e estava com preguicinha de ler. Mas depois dessa sua resenha vou ali ler agora mesmo(passos apressados em direção ao quarto). Valeu pela resenha.

    entreonadaeotudo.blogspot.com

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