Título: Cartas
para um pai.
Autora: Janaina
Rico.
Editora: Modo.
Nº de páginas: 206.
Sinopse: Juliana
achou que suas férias em João Pessoa renderiam apenas fotos e boas lembranças,
mas não foi assim que as coisas se desenrolaram. Uma gravidez inesperada
alterou toda a sua vida e, para se comunicar com o pai do bebê, as cartas foram
a melhor escolha. Um livro emocionante e envolvente, sobre amores e a formação
de uma nova vida.
Nota Pessoal:
Cartas para um Pai é um livro sensível, envolvente, emocionante e surpreendente. Conheço a
Janaina Rico que escreveu o “Ser Clara” – resenha aqui -; aquela autora que
coloca o leitor pra rir, pra se divertir com as inusitadas situações em que
situa seus personagens, enfim, a autora que sabe escrever um bom chick lit. Mas este livro é bem
diferente: é sobrecarregado de uma dramaticidade que me surpreendeu
positivamente. Apesar de alguns “exageros”, Cartas
para um Pai é sobretudo uma história sobre as consequências de uma paixão
ardente; sobre gerar uma vida dentro de si; sobre medos, inseguranças e sobre
‘estar perdido’.
Enxugando a história de forma bastante direta, temos a história da
Juliana, uma brasiliense que só queria passar alguns dias longe de tudo: da
casa, da família, da faculdade e do trabalho. Um mês de férias em João Pessoa.
Mas, o que era para ser apenas férias regadas a curtição, bebidas, relaxamento
e sexo acabam por tornar o futuro da jovem num turbilhão de acontecimentos.
É lá onde ela conhece o Anderson; onde o ardor da paixão se mistura com
o sabor da virilidade.
Temos uma história quase que inteira escrita em cartas, o que de certa
forma acaba por aproximar o leitor da personagem Juliana. Embora ela não seja
uma protagonista de todo cativante, a história em si é sobrecarregada de
emoções que me fizeram parar e pensar: ei,
isso é realmente desconcertante.
Janaina Rico acertou em cheio ao empregar uma forma explicitamente ativa
quando a sua forma de narrar a história. Toda ela é dividia em capítulos curtos
que mesclam a narrativa da Juliana para com os leitores e a narrativa da
Juliana para com o pai do seu filho.
Devo supor que a autora parece saber exatamente como deve ser gerar
alguém dentro de si (e aqui eu somente posso supor). A narrativa parece
banhar-se numa verossimilhança que é curiosamente regada a pés inchados,
alterações de humor e tudo – absolutamente! – que uma jovem grávida, solteira e
com a cabeça com imensos pontos de interrogação, pode sentir. O medo de contar
à família; as preocupações sobre as finanças; o acompanhamento médico. Enfim
(aqui entra mais uma suposição) a Juliana deve ser a concretização de todas as
incertezas.
Porém, nem de longe eu posso considerá-la cativante; e vou explicar os
motivos. Ela lá tinha os motivos dela, mas acho que a Juliana é bem egoísta às
vezes. Eu sei que ela é jovem, insegura e – uou! – está grávida!, mas espera um
pouco; como assim ela achar que o pai não tinha direitos sobre a criança? Como
assim ela negar o direito de pai e filho estabelecerem uma relação? É no mínimo
estranho e egoísta e por isso eu fiquei irritado com a maneira pela qual a Juliana parecia
conduzir as coisas (e eu posso dizer que sim, entendo os motivos dela).
Outro ponto importante a se falar é sobre a relação que a Juliana
desenvolve com o pequeno allien (vulgo, o bebê que está crescendo dentro dela).
É lindo como ela parece se deliciar com cada sensação, com cada movimento, com
cada coisinha mínima. É mesmo com uma doçura considerável que nas cartas para o
pai do seu filho, ela discorria sobre como não mais se sentia tão sozinha.
No geral, é um livro com altos e baixos, que ora traz a doçura da
maternidade, ora traz a ranzinza de uma protagonista que pareceu não evoluir
muito ao longo da história. Eu realmente esperava que ela acabasse com esse
egoísmo de “você é apenas o cara que
ajudou a fecundar meus óvulos, uma aventura; o bebê é meu e você só ajudou no
processo”. Não é um final surpreendente, mas seu ponto final pareceu
carregar o peso mais significativo da história: o de emocionar através dos
depoimentos de uma mãe através de cartas
para um pai; para o pai do seu pequeno allien.
Boa Leitura!
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