quarta-feira, 26 de novembro de 2014

[Eu Sou Doideira #01] Cartas para um pai - Janaina Rico.

Título: Cartas para um pai.

Autora: Janaina Rico.

Editora: Modo.

Nº de páginas: 206.


Sinopse: Juliana achou que suas férias em João Pessoa renderiam apenas fotos e boas lembranças, mas não foi assim que as coisas se desenrolaram. Uma gravidez inesperada alterou toda a sua vida e, para se comunicar com o pai do bebê, as cartas foram a melhor escolha. Um livro emocionante e envolvente, sobre amores e a formação de uma nova vida.





Nota Pessoal:

Cartas para um Pai é um livro sensível, envolvente, emocionante e surpreendente. Conheço a Janaina Rico que escreveu o “Ser Clara” – resenha aqui -; aquela autora que coloca o leitor pra rir, pra se divertir com as inusitadas situações em que situa seus personagens, enfim, a autora que sabe escrever um bom chick lit. Mas este livro é bem diferente: é sobrecarregado de uma dramaticidade que me surpreendeu positivamente. Apesar de alguns “exageros”, Cartas para um Pai é sobretudo uma história sobre as consequências de uma paixão ardente; sobre gerar uma vida dentro de si; sobre medos, inseguranças e sobre ‘estar perdido’.

Enxugando a história de forma bastante direta, temos a história da Juliana, uma brasiliense que só queria passar alguns dias longe de tudo: da casa, da família, da faculdade e do trabalho. Um mês de férias em João Pessoa. Mas, o que era para ser apenas férias regadas a curtição, bebidas, relaxamento e sexo acabam por tornar o futuro da jovem num turbilhão de acontecimentos.

É lá onde ela conhece o Anderson; onde o ardor da paixão se mistura com o sabor da virilidade.
Temos uma história quase que inteira escrita em cartas, o que de certa forma acaba por aproximar o leitor da personagem Juliana. Embora ela não seja uma protagonista de todo cativante, a história em si é sobrecarregada de emoções que me fizeram parar e pensar: ei, isso é realmente desconcertante.

Janaina Rico acertou em cheio ao empregar uma forma explicitamente ativa quando a sua forma de narrar a história. Toda ela é dividia em capítulos curtos que mesclam a narrativa da Juliana para com os leitores e a narrativa da Juliana para com o pai do seu filho.

Devo supor que a autora parece saber exatamente como deve ser gerar alguém dentro de si (e aqui eu somente posso supor). A narrativa parece banhar-se numa verossimilhança que é curiosamente regada a pés inchados, alterações de humor e tudo – absolutamente! – que uma jovem grávida, solteira e com a cabeça com imensos pontos de interrogação, pode sentir. O medo de contar à família; as preocupações sobre as finanças; o acompanhamento médico. Enfim (aqui entra mais uma suposição) a Juliana deve ser a concretização de todas as incertezas.

Porém, nem de longe eu posso considerá-la cativante; e vou explicar os motivos. Ela lá tinha os motivos dela, mas acho que a Juliana é bem egoísta às vezes. Eu sei que ela é jovem, insegura e – uou! – está grávida!, mas espera um pouco; como assim ela achar que o pai não tinha direitos sobre a criança? Como assim ela negar o direito de pai e filho estabelecerem uma relação? É no mínimo estranho e egoísta e por isso eu fiquei irritado com  a maneira pela qual a Juliana parecia conduzir as coisas (e eu posso dizer que sim, entendo os motivos dela).

Outro ponto importante a se falar é sobre a relação que a Juliana desenvolve com o pequeno allien (vulgo, o bebê que está crescendo dentro dela). É lindo como ela parece se deliciar com cada sensação, com cada movimento, com cada coisinha mínima. É mesmo com uma doçura considerável que nas cartas para o pai do seu filho, ela discorria sobre como não mais se sentia tão sozinha.

No geral, é um livro com altos e baixos, que ora traz a doçura da maternidade, ora traz a ranzinza de uma protagonista que pareceu não evoluir muito ao longo da história. Eu realmente esperava que ela acabasse com esse egoísmo de “você é apenas o cara que ajudou a fecundar meus óvulos, uma aventura; o bebê é meu e você só ajudou no processo”. Não é um final surpreendente, mas seu ponto final pareceu carregar o peso mais significativo da história: o de emocionar através dos depoimentos de uma mãe através de cartas para um pai; para o pai do seu pequeno allien.

Boa Leitura! 

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