segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

[Resenhando Nacional] Clarices - Luciana Bollina



Título: Clarices.
Autora: Luciana Bollina.
Editora: Philae.
Nº de páginas: 144.
Sinopse: Clarice tem 19 anos, é artista plástica e seu maior desejo é conhecer o amor. Na rua, encontra um jovem poeta chamado Gabriel, que vende seus poemas impressos de forma artesanal. Ela se apaixona e ele preenche seu imaginário. A atração parece recíproca, mas Clarice flagra o moço beijando outra mulher, linda e sedutora, entre as prateleiras de uma livraria. Paralelamente, sua mãe e sua irmã aparecem em meio a discussões, confrontos e sustos que fazem com que ela amadureça.


 Nota Pessoal:

Através de uma narrativa sensível e com um ‘quê’ filosófico, Luciana Bollina conduz o leitor por entre as páginas de um romance que muito mais que lido, precisa ser sentido. O livro nos proporciona demasiadas sensações e nos convida a embarcar numa história introspectiva de ‘porquês’. E isso perpassa o que o leitor pode esperar ao olhar para a capa bonitinha e feminina de Clarices.

Clarice é artista plástica. Mora sozinha, parece viver da forma mais conveniente possível e escreve cartas e mais cartas para um futuro amor que ela nem sabe quem é, mas sabe que precisa escrever. Sua vida estaria prestes a mudar quando, num dia que mais parecia qualquer outro, ela encontra um jovem e intrigante poeta na rua. Um poeta que mais que palavras, oferece indagações e possibilidades.

Movida pela curiosidade e pelo encantamento repentino pelo jovem, Clarice, ao ler as palavras de Gabriel, sente-se ainda mais intrigada e maravilhada com tudo que ele escreveu. E esse é o ponto de partida para tudo que mudaria a visão de Clarice acerca de: amor próprio, sua família, sua vida, o amor para o qual ela escreveria as cartas, sua arte, enfim.

“ Tudo está diferente, meu amor. As ruas da minha casa estão intelectuais e meu quarto hoje me agradeceu por arrumar a cama. Dois desconhecidos enterraram a antiga Clarice e uma miniconhecida me entregou uma missão que se apresentou com nome próprio. Não estou mais tão só.” Pág.: 36
A autora domina com maestria o método peculiar que se desafiou a escrever. A mescla da narrativa em ora revelar Clarice sob olhos de um narrador observador, ora sob sua própria perspectiva – mais especificamente em suas cartas -, casou muito bem e só aumentou a beleza empregada em cada palavra escrita. A poesia e a arte ainda oferecem uma gama de sentimentos que despertam sensações incríveis no leitor.

Luciana Bollina empregou em sua protagonista, características inerentes a uma romântica incorrigível. Clarice, ao mesmo tempo, revela-se uma mulher forte e independente, capaz de encarar uma sala de aula para ensinar arte a jovens, é também uma jovem apaixonada e apaixonante, cheia de medos, frustrações e sentimentos que só quem já passou por aquela fase de ‘primeiro amor’ sabe como é. E é tão bonito como tudo acontece! Seu ciuminho ‘bobo’, suas paranoias de ‘será que ele pensa e lembra de mim’.

Gabriel. O que dizer do Gabriel, o poeta?! Sinceramente, acho que ele é o verdadeiro responsável por tudo. Pela redescoberta da nossa protagonista com relação às belezas aparentemente simples, mas difíceis de serem alcançadas, que a vida oferece. Pelas sensações e sentimentos que jorram através das páginas do livro. Pela própria beleza e singularidade do romance.

Outro ponto que muito me chamou a atenção foi à forma como a autora desenhou seus personagens. Ela traça aos poucos a personalidade de cada um, tornando-os ainda mais próximos e nos deixando indagações referentes às suas características próprias. E acho que essas indagações que me foram oferecidas são de fundamental importância para o que a autora quis passar. O livro é objetivamente assim: não é somente a protagonista Clarice que se descobre em meio a todas as possibilidades oferecidas pelo Gabriel, nós, leitores, também somos convidados a fazer a experiência de fechar os olhos e embarcar nas sensações através das palavras.

O livro ainda é cheio de metáforas e filosofias que muito lembrou a escrita da Clarice Lispector. A introspecção da narrativa nos leva a descobrir as várias Clarices dentro da Clarice. Podemos ver muitas em uma só e entender que mais vale ser uma metamorfose ambulante do que ter uma visão engessada de tudo. É, acho que foi isso que mais aprendi com Clarice: filosofias e teorias nada valem se você não se experimenta; não sai da sua zona de conforto.

Poesia, romantismo, autodescoberta, amor, família, arte, teatro, indagações: Clarices é tudo isso e alguma coisa mais que só ‘experimentando’ dá para entender. É um romance bonitinho, mas vai além; oferece uma tarde de: sensações, experimentos e deliciosas coisas femininas.

Boa Leitura!

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4 comentários:

  1. Parabéns pela resenha!
    Não conhecia o livro, mas agora fiquei curiosa.
    Bjs
    sete-viidas.blogspot.com

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  2. Que fofura! Fiquei com vontade de ler, ainda mais que tem um Q de Clarice Lispector <3
    Já está na lista de desejados.

    beijos
    Bia - Livro do Dia

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  3. Adorei a resenha, já li o livro e adorei-o!

    Beijos e boas leituras!

    http://bruxinhaleitora.blogspot.com.br/

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