segunda-feira, 10 de março de 2014

[Resenha] Um Perfeito Cavalheiro - Julia Quinn

Título: Um Perfeito Cavalheiro.
Título original: An Offer from a Gentleman.
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro.
Nº de páginas: 304.
Sinopse: Sophie sempre quis ir a um evento da sociedade londrina. Mas esse é um sonho impossível. Apesar de ser filha de um conde, é fruto de uma relação ilegítima e foi relegada ao papel de criada pela madrasta assim que o pai morreu. Uma noite, ela consegue entrar às escondidas no baile de máscaras de Lady Bridgerton. Lá, conhce o charmoso Benedict, filho da anfitriã, e se sente parte da realeza. No mesmo instante, uma faísca se acende entre eles. Infelizmente, o encantamento tem hora para acabar. À meia-noite, Sophie tem que sair correndo da festa e não revela sua identidade a Benedict. No dia seguinte, enquanto ele procura sua dama misteriosa por toda a cidade, Sophie é expulsa de casa pela madrasta e precisa deixar Londres. O destino faz com que os dois só se reencontrem três anos depois, Benedict a salva das garras de um bêbado violento, mas, para decepção de Sophie, não a reconhece nos trajes de criada. No entanto, logo se apaixona por ela de novo. Como é inaceitável que um homem de sua posição se case com uma serviçal, ele lhe propõe que seja sua amante, o que para Sophie é inconcebível. Agora os dois precisarão lutar contra o que sentem um pelo outro ou reconsiderar as próprias crenças para terem a chance de viver um amor de conto de fadas. Nesta deliciosa releitura de Cinderela, Julia Quinn comprova mais uma vez seu talento como escritora romântica.

 Nota Pessoal:


Um Perfeito Cavalheiro, segundo volume d’Os Bridgertons, vem nos contar a história de Benedict, ou como é mais conhecido pela sociedade inglesa e pelas mães casamenteiras desesperadas, o número dois. E mais uma vez Julia Quinn reafirma seu legado de ‘contadora de histórias perfeita’ através de uma narrativa doce, ácida e petulantemente romântica. Em meio a uma família tão espirituosa quanto é a Bridgerton, e de uma sociedade movida pelos parâmetros dos bons modos e casamentos, a autora reconta a história da Cinderela, só que na Inglaterra do século XIX e de uma forma muito mais ousada e atraente. O que resultou?! Ah, querido leitor(a), como diria a amada Lady Whistledown, essa história é daquelas que não podem faltar na estante dos admiradores de uma boa história de amor.

Dividido em duas partes, sendo a primeira o encanto proporcionado pelo baile de máscaras e primeiro encontro de Sophie com Benedict, e a segunda, três anos depois, quando o baile não mais parecia tão real e vivido, mas a faísca entre os dois ainda parecia arder ferozmente, este livro segue uma trajetória quase que surpreendente e diferentemente dos dois anteriores (O Duque e Eu, O Visconde que me Amava) o romance central é muito mais complicado e impossível de acontecer – ou quase, já que para Violet, matriarca da família, nada parece impossível.

Bem, mas vamos lá fazer uma recontagem em alguns parágrafos.

Sophie é a típica Cinderela. Como filha bastarda de um conde lhe foram tirados todos os direitos e ela vive na casa do pai como se fosse um parente distante. Mas quando o conde resolve-se casar-se com Araminta, que trás consigo duas filhas, é que a vida da pequena Sophie parece sair completamente do rumo. E mais ainda, anos depois, quando o conde morre e ela se torna criada da sua ‘madrasta’. Porém, isso estaria prestes a mudar. Ao menos, aparentemente.

E é claro que isso tem a ver com o baile de máscara oferecido pelos Bridgertons. O problema é que Sophie não passava de uma mera criada e não poderia participar dos eventos sociais promovidos pelas ‘boas famílias’ da época. Bem, como toda Cinderela que se preze, Sophie recebe como presente da ‘fada madrinha’ – na figura dos empregados da casa –, uma noite inesquecível: um vestido pomposo, uma carruagem e a promessa de voltar antes da meia noite para que Araminta não descobrisse.

E o príncipe encantado em questão – já que não existe Cinderela sem príncipe – é ele, Benedict Bridgerton, que junto ao seu irmão Colin, forma a dupla de solteiros mais cobiçados e promissores da temporada. Só que Benedict é um romântico incorrigível e corre das mães e moças desesperadas, porque o que realmente vale para ele é muito mais que um casamento por aparências, mas um casamento por amor. Pronto, o encontro entre Sophie e Benedict foi inevitável e eles viveram a noite mais feliz de suas vidas. Só que o encanto acabou à meia noite e a bela moça foi embora correndo, sem deixar sua identidade e seu rosto – já que metade estava coberto pela máscara -, apenas deixando a Benedict uma luva.

Então o livro entra na segunda parte, três anos depois, quando a vida de Sophie voltara a fazer parte da criadagem e o Benedict já quase desistira de encontrar a moça da luva. Mas, ah o destino... O destino com certeza se encarregou de uni-los de novo. Só que agora, Benedict não reconhece Sophie, mas apaixona-se novamente, da mesma forma ou ainda mais forte; porém, Sophie não estava disposta a tornar-se apenas sua amante – além do orgulho ferido dele não a ter reconhecido. E é a partir daí que os conflitosos amorosos e sociais são colocados em questão, e os nossos ‘mocinhos’ vão ter que provar que mais que uma vida perfeita aos olhos da sociedade, é uma vida perfeita segundo seus próprios princípios.
“Ele a encarou, tentando prolongar o momento, querendo agarrar-se àqueles instantes de perfeição absoluta. [...] Não era só que quisesse, mas precisava. Precisava dela nele, ao redor dele, como parte dele. Precisava dela como precisava de oxigênio.” Pág.: 202
O nome do livro caracteriza muito bem a história: Benedict, sem dúvidas, é incorrigivelmente um perfeito cavalheiro. Seus ideais vêm de uma família onde o objetivo fundamental é ser feliz, e ele não se faz de rogado quando o assunto é como tratar uma mulher. É inspirador a forma como ele lida com as situações e as teias complicadas e tecidas por uma sociedade dita ‘perfeita’.

Sophie é como parece ser as características mulheres escritas pela Julia Quinn; uma mocinha nada convencional. Disposta a ser feliz, mas com seus próprios ideais e convicções que se tornaram inerentes a sua posição social, ela está bem longe de ser a perfeitinha e seu senso de humor aguçado, sua ousadia e seu jeito insolente, rendem boas cenas e bons diálogos ao lado do então príncipe encantado, Benedict.

O romance principal é muito mais complexo que nos dois anteriores. Embora existam semelhanças entre os três livros já lançados da série – mesmo levando em consideração que são independentes – uma característica própria de Um Perfeito Cavalheiro é que Sophie e Benedict ocupam posições sociais diferentemente óbvias e gritantes, o que torna o relacionamento quase impossível.

E essa foi a grande sacada da autora: deixar o romance ousado e proibido. Enquanto nos dois livros que antecedem este terceiro os casais precisam lutar contra outros dramas, nem de longe tão impossíveis quanto este, na história de Benedict e Sophie, Julia Quinn provou, concretamente, que a família Bridgerton é tudo aquilo que os leitores já tinham imaginado e algo mais. Ela criou um típico amor ‘impossível’ para a época, levando-nos a um clímax não tão imprevisível, mas surpreendente a sua própria maneira.

Não é preciso comentar novamente, mas ainda assim irei fazê-lo – e fazê-lo até mesmo quando abrir o word para escrever a resenha do último livro –: que diálogos mais deliciosos e encantadoramente ácidos e irônicos que a Julia Quinn consegue escrever. As farpas trocadas por Sophie – que não quer ser uma amante – e Benedict – que mesmo sendo cavalheiro, tem desejos dolorosamente reprimidos pelo caráter – rendem diálogos dignos de um bom romance de época.

E claro, Lady Whistledown entra em cena mais uma vez, a cada início de capítulo, com seus comentários lidos por toda a sociedade londrina. Comentários estes sem escrúpulos e com uma linguagem ironicamente crítica as mães solteiras e aos ‘barracos’ encobertos pelo véu de ‘sociedade certinha’. No final deste livro a redatora, ou como muitos a chamariam: fofoqueira Whistledown, dá a entender que irá parar de escrever – o que eu, sinceramente, espero que não aconteça, já que seus comentários servem para dar uma particularidade aos livros.

O livro acabou com um gostinho de quero mais e aquela tal de saudade antecipada que eu sempre tenho quando obrigado a deixar essa família para trás. Mas o livro do Colin é o próximo e parece prometer mais uma história com tantos contratempos quanto é possível a uma ‘série’ tão boa quando é a dessa família.

Boa Leitura!

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Um comentário:

  1. Aff! Ronaldo já vi que vou adorar, mais um pra minha estante! Só em ler a resenha já fique emocionada. Bjs, depois te conto o que achei da minha leitura.

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