[Resenha] Entre o Amor e a Paixão - Lesley Pearse

Título: Entre o Amor e a Paixão

Título original: The promise

Autora: Lesley Pearse

Editora: Novo Conceito

Nº de páginas: 512

Sinopse: "Uma mulher dividida entre o compromisso e o calor de um relacionamento passado." No início da Primeira Guerra, Jimmy, o marido de Belle Reilly, é levado para as trincheiras mortais do norte da França e Belle percebe que não pode ficar de braços cruzados quando tantos estão sacrificando suas vidas. Armada de coragem e boa vontade, ela se torna voluntária como motorista da Cruz Vermelha, também na França.

Então, enquanto cumpre seu dever humanitário, um trágico acidente lhe coloca frente a frente com Etienne — o homem que fez parte de seu passado e a quem nunca esqueceu completamente.

Dividida entre a paixão proibida por Etienne e a lealdade e o amor por Jimmy, Belle encontra-se em uma situação impossível. A confusão de seus sentimentos, misturada à escuridão da mais brutal das guerras, a levará a sucumbir para sempre, ou a força da vida será maior e a conduzirá, finalmente, à verdadeira felicidade?

Nota Pessoal:

“Não podemos mudar o que já aconteceu, mas ainda podemos escolher nosso futuro.” Pág:396

Um misto de emoções conflitantes. Foi exatamente assim que senti-me quando terminei de ler ‘Entre o Amor e a Paixão’. Uma enxurrada de sentimentalismo em um cenário devastadoramente real, na continuação de ‘Belle’ - resenha aqui - Lesley Pearse conseguiu me arrancar lágrimas, sorrisos, e principalmente, me fez viver inteira e verdadeiramente essa história.

Por mais sinceras que sejam as minhas palavras, acho que só lendo tudo que a autora escreveu para entender a grandiosidade e singularidade da obra. É fato que ‘Belle’ foi uma das minhas melhores leituras do ano; porém, essa continuação conseguiu superar todas as minhas expectativas. Esse livro vai além de tudo o que pude querer e imaginar para essa jovem heroína.

Se é uma história triste?! Bom, como eu poderia dizer que não?! Se você já leu ‘Belle’, pôde perceber o quanto a autora sabe conduzir as emoções do leitor, levando-o a ter demasiados sentimentos contraditórios. Então, quando você pensa que tudo ficará bem, o destino parece bater a porta de uma Belle feliz, estabelecida e com sua tão sonhada loja de chapéus, e seu passado parece vir assombrá-la.

Jimmy parece ser o homem mais feliz do mundo tendo Belle como esposa. O casal vive com Garth – tio de Jimmy - e Mog – a segunda mãe de Belle. E tudo não poderia estar mais perfeito: a família é feliz e estabelecida, Belle consegue estabilizar-se, montando sua loja de chapéus, e o passado assombroso enfim parece estar enterrado. Mas existe algo que pode perturbar a paz não somente da família como de toda a Inglaterra: a Primeira Guerra Mundial.

Jimmy nunca pensou em alistar-se no exército. Mas é quando sente-se pressionado pelo patriotismo, vendo todos os homens jovens indo defender o seu país, que ele resolve partir prometendo proteger-se e voltar para casa.

A impaciência de Belle não a permite ser uma esposa exemplar, ficando em casa e cuidando de tudo para quando seu marido voltasse. Ela simplesmente não consegue aceitar ver tanta destruição e ficar de braços cruzados esperando esse show de horrores acabar. É quando conhece uma jovem determinada que atende pelo nome de Miranda.

Daí nasce uma amizade verdadeira, e as duas partem rumo a tornarem-se voluntárias como motoristas e/ou enfermeiras em meio ao cenário devastador, consequente dos grandes bombardeios dos conflitos entre países.

O que nenhuma das duas esperava era perceber que as consequências da Guerra seriam muito mais devastadoras do que elas imaginavam. E Belle então vê seu passado cruzar com o seu presente e futuro: encontra-se com Etienne e sente a antiga chama dessa paixão passada reavivar-se. O dilema é: entregar-se a essa paixão louca e devastadoramente real, ou preservar seu casamento e manter-se somente para seu marido e amor Jimmy?

“Palavras eram desnecessárias. Como sempre, Mog foi resiliente, amorosa e compreensiva. E ambas sabiam que, para onde quer que fossem ou o que fizessem, elas poderiam ser felizes novamente contanto que estivessem juntas.” Pág: 432

Eu simplesmente amo o modo como a autora desenvolve suas histórias e personagens. Eles têm personalidades fortes e marcantes. É impossível não ficar encantado com a fibra e determinação de Belle; com a coragem e os sonhos de Miranda; com a rudez/gentileza de Garth; a devoção e o amor de Jimmy para com sua esposa; com o espírito materno e gentil de Mog; e principalmente: com a dignidade e a integridade de Etienne.

Pois é, Etienne é um personagem que eu não havia simpatizado no primeiro livro, mas não sei se foi o amor que eu senti que ele nutria por Belle, ou a forma que ele se portava em determinadas situações, com cavalheirismo e compreensão que me fizeram mudar de opinião. Não tenho dúvidas de que ele amadureceu muito entre as duas histórias e tornou-se exatamente quem eu queria/esperava – porém, não acreditava – que ele fosse.

Fico impressionado como a Lesley consegue passar tanta veracidade nos seus livros. Seja através dos cenários detalhadamente pintados por palavras, seja através de seus diálogos bem desenvolvidos, dos seus personagens palpáveis ou até mesmo de sua forma de narrativa. É tudo muito real e emocionante.

Acho que ambientar um livro em épocas tão marcantes para a História da humanidade – no caso, a Primeira Grande Guerra – é algo difícil, pois exigente todo um trabalho de pesquisa e conhecimento geral e específico do que se trata. A autora soube fazer isso com maestria: ‘Entre o Amor e a Paixão’ é permeado por um clima de tensão que estende-se por todo o livro, levando o leitor a vivenciar todos e cada um dos acontecimentos mais verossímeis dessa época sombria.

O livro é lindamente triste. É complicado tentar passar as emoções através da resenha, mas eu, sinceramente, acho que tudo na história é muito sofrido. Não acho que chega a ser dramático, superficial; É mais como um sofrimento real mesmo – e se pensarmos na ambientação da história como um todo, é realmente isso. Mas é um sofrimento necessário – se é que algum sofrimento possa ser necessário.

Fato é que eu nunca esquecerei de Belle. E quando eu digo nunca, eu quero dizer que por mais livros que eu leia, por mais incríveis que sejam as histórias que passem por mim, ela será única. A minha heroína. Aquela, que mesmo sendo uma personagem, me mostrou que às vezes é preciso perder para dar valor – e às vezes é preciso valorizar sem perder.

Essa saga criada pela Pearse, mostrou-me que o ser humano evolui – nem que isso exija tempo. E que, principalmente, todos nós temos direito a um final feliz. Como Belle teve o dela.

Boa Leitura!!!