quinta-feira, 10 de outubro de 2013

[Resenha] Cidades de Papel - John Green


Título: Cidades de Papel
Título original: Paper Towns
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Nº de páginas: 366
Sinopse: Em Cidades de papel, Quentin Jacobsen nutre uma paixão platônica pela vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman desde a infância. Naquela época eles brincavam juntos e andavam de bicicleta pelo bairro, mas hoje ela é uma garota linda e popular na escola e ele é só mais um dos nerds de sua turma.Certa noite, Margo invade a vida de Quentin pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita. Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola, esperançoso de que tudo mude depois daquela madrugada e ela decida se aproximar dele. No entanto, ela não aparece naquele dia, nem no outro, nem no seguinte.Quando descobre que o paradeiro dela é agora um mistério, Quentin logo encontra pistas deixadas por ela e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele pensava que conhecia.


Nota Pessoal:

Divertido e espirituoso, Cidades de Papel, é extremamente sagaz e engraçado; uma combinação perfeita: um garoto inteligente; uma garota louca; um amor – quase – platônico; amigos hilários e companheiros; pais que pegam no pé, e uma aventura pra lá de empolgante. É nesse ritmo que John Green introduz o leitor nesta história filosoficamente ácida. E foi bom... Foi muito (muito!) bom.

Sob o ponto de vista de Quentin (ou somente Q), acompanhamos sua história com Margo. Ou melhor, sua ‘não história’ com Margo. O garoto que está no último ano do ensino médio, nutre uma paixão platônica por aquela garota que mora numa casa vizinha a sua e estuda no mesmo colégio que o seu. O grande problema é que eles viviam em mundos completamente diferentes: enquanto o garoto era o ‘certinho’ coisa e tal, Margo era a tida popular – bem, não aquelas populares que encontramos na grande maioria dos livros que trazem garotas populares. Era uma popular bem estilo John Green – e quem já leu algum livro do autor, sabe muito bem o que eu quero dizer; com todos aqueles recursos que o Green sabe utilizar como ninguém para compor seus personagens.
“Meus dias tinham uma agradável uniformidade. E eu sempre gostei disso (...). Não queria gostar, mas gostava. E assim, o cinco de maio poderia ter sido um outro dia qualquer – até pouco antes de meia-noite, quando Margo Roth Spiegelman abriu a janela sem tela do meu quarto pela primeira vez desde que me mandara fechá-la nove anos antes.” Pág 32

 Mas algo está para mudar. E isso pode ou não estar ligado com o passado que Q e Margo tiveram. Fato é que numa noite – nada especial, por sinal – Margo invade o quarto de Q e o convida para uma aventura pelos becos e cenários daquela cidade. E isso, por si só, já não era normal – mas juntando ao fato de que, despertou no garoto aquele amor que ele insistia em deixar lá quietinho, isso acaba por ser o pontapé para que a verdadeira história desses dois adolescentes começasse a acontecer.

E acontece. Muitas outras coisas acontecem. E essa noite – que marcaria para sempre a memória do garoto – acaba por se tornar um retrato que guiará Q em sua busca futura.

É quando Margo desaparece misteriosamente que tudo realmente começa. A busca pela garota; a aventura de Q e seus amigos (leais) em um carro velho (ou quase!) para encontra-la; os problemas típicos de adolescentes; e a maior loucura que todos eles estavam prestes a enfrentar para encontrar a garota – que talvez não quisesse ser encontrada, ou talvez os estivesse manipulando, ou talvez (e só talvez) não fosse quem eles acharam que era.

A pergunta é: Como não amar Cidades de Papel?! O livro é recheado de artifícios que te fazem ansiar por saber o que vai acontecer e qual vai ser o destino dos personagens. Tudo é tão previsível e imprevisível ao mesmo tempo. Os personagens são incríveis, os diálogos são de uma particularidade única – e um humor ácido ímpar – e os cenários (e as Cidades de Papel) são divertidamente convidativos.

Eu já decidi que (e dou essa dica a todos que amaram A Culpa é das Estrelas ) se despir de toda e qualquer expectativa que o leve a uma comparação entre os dois livros, é de extrema importância. E acho que isso me levou a amar incondicionalmente Cidades de Papel. Eu esperei uma história ótima (claro!) e ela superou todas as minhas expectativas. – eu até quero encontrar minhas próprias Cidades de Papel.

O Quentin (Q) é um personagem cativante demais. E quando eu falo cativante eu quero dizer: poxa, eu queria conhecer e ser amigo de um garoto como o Q! Ele é leal, amigo, gosta de jogar videogame, é comum (e isso muitas vezes é uma coisa boa e tanto), e é apaixonado pelo Margo – e esta última característica é de extrema importância.

A Margo é uma mazinha boa. Adorei todas as suas loucuras; divertir-me com seu jeito estranho de demonstrar a importância de alguma coisa ou de alguém; chorei suas lágrimas – sem exageros; e principalmente, aprendi. Se tem uma personagem do livro que me ensinou algo de verdadeiramente significativo – e isso me leva a encará-la como a mais louca das personagens – foi a Margo. Com sua estranheza e sua forma de dizer ‘isso é especial pra mim!’ eu vi o quanto algumas coisas são superficiais e descartáveis em nossa vida. E foi tão especial. Fez-me ter uma visão um tanto diferente de algumas coisas e pessoas.

A narrativa do Green continua incrivelmente impecável. Acho que se eu, algum dia, ler algum livro do autor e não gostar da história, ainda assim eu irei gostar da forma como ele a contará. Neste livro, ele continua aquilo de criar diálogos inteligentes, com um humor ácido e uma pitada filosófica – e essa mistura fica realmente muito legal.

Os personagens ‘secundários’ do livro estão entre os melhores-personagens-secundários-que-roubam-a-cena-nos-livros. Radar e Ben – os amigos inseparáveis de Q – são sagazes, inteligentes, adolescentes mesmo (sem aquela coisa chata de ser inteligente e só) e companheiros. Eles são parte fundamental do humor, da aventura e do mistério criado no livro (eu ri MUITO com o Ben e aquela necessidade *que eu não vou contar*). E fiquei uol! Com as tiradas do Radar. Lacey é a garota que completa o quarteto aventureiro – e embora eu não tenha gostado tanto dela a princípio, ela realmente se tornou totalmente especial depois de tudo.
“Eu escolhi vir com você. E você me escolheu. – E então ela me encarou: - É como uma promessa. Pelo menos esta noite. Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza. Na riqueza e na pobreza. Até que o sol nos separe.” Pág: 82
A estrutura do romance é muito boa, mas eu fiquei frustrado/feliz/feliz demais/decepcionado/não foi o que eu esperei/ sem reação com aquele final. E isso é engraçado porque este é o 3º livro que leio do autor, e em todos eles eu fico assim. Nunca é o final que eu espero. E eu não sei se isso me deixa frustrado ou realmente empolgado por ser pego de surpresa – embora eu ache que estou mais inclinado a segunda opção. E o final pode não ser o que você espera, mas acho que é sempre o melhor. Ou o necessário. Ou – e com mais certeza – o mais real. Pessoas são imperfeitas; a vida é; os amores são. Quase nunca nada acontece como queremos, e isso fica bem claro em Cidades de Papel.

Ah, e vocês vão entender o que são as tais Cidades de Papel. E vão ficar impressionados com a explicação para isso – e isso novamente me remete ao fim do livro, que me fez ficar impressionado com o quanto os personagens foram capazes de aprender (ou não).

Bem... Não sei se isso irá acontecer quando vocês (se vocês) lerem o livro, mas confesso: acho que bem lá no fundo, as Cidades de Papel, e todas as outras coisas de papel que passam pelo enredo, estão mais próximas do que a gente imagina... Talvez até você se reconheça uma pessoa de papel... Vai saber!

Boa Leitura!

Comente com o Facebook:

11 comentários:

  1. Esse livro esta na minha listinha literária a muito tempo, infelizmente eu não tive ainda a possibilidade de ler-lo. E sua resenha me deixou tipo assim " Compre agora esse livro" é um livro que aparenta ser muito bom.

    Um beijo, Ariane.
    www.diariodostreze.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Oie! Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pela resenha que eu adorei! Impossível não ter vontade de ler esse livro depois dos elogios que você fez.
    Eu já tive a feliz oportunidade de ler dois livros desse autor, "Quem é você Alasca?" que me fez pensar demais sobre as minhas atitudes e minha forma de pensar na vida. E li também "A Culpa é das estrelas" que é lindo de morrer!
    Não vejo a hora de conhecer essas cidades de papel e encontrar, talvez, pessoas de papel. kkk
    Um beijo ;*

    Juliana . Oliveira
    http://trocandoconceitos.blogspot.com.br/
    https://www.facebook.com/sosdeamiga
    @Julymg2

    ResponderExcluir
  3. Oi Ro, tudo bom?
    Menino, não faz isso comigo, como você ousa resenhar um livro que eu desejo MUITO MUITO MUITO? Fiquei feliz demais em saber que você gostou da leitura, e saber que o livro é engraçado e envolvente. E claro, obrigada pela dica de que não devemos nutrir uma comparação entre ACEDE e CDP, eu já sabia que ambos não tinham muito a ver, enquanto ACEDE é triste, CDP parece ser divertido do inicio ao fim, se bem que o Green, conseguiu anexar bom humor até em ACEDE né? *-* ele é demais.

    Beijos,
    paixaoliteraria.com

    ResponderExcluir
  4. Oi Ronaldo,
    Li "Cidades de Papel" essa semana e mais uma vez terminei a leitura encantada pelo John Green. Impossível não amar seus livros. Como você disse, a narrativa do autor é impecável e a mistura de humor e moral que ele usa em seus livros é deliciosa.
    A metáfora das cidades/pessoas de papel me fez ficar pensando muito.
    Também ri muito com o Ben, rsrs.
    Beijos
    alemdacontracapa.blogspot.com

    ResponderExcluir
  5. Quem é você, Margo Roth Spielgelman? Foi à primeira pergunta que imaginei depois de ler os primeiros capítulos do livro. Uma obvia associação a “Quem é você, Alasca?”; primeiro romance de John Green. Associei por que as relações vividas por um jovem tímido; com suas metas e cotidianos bem planejados, se esbarram na vida de uma garota completamente aventureira, fora dos padrões de uma garota daquela idade. Uma garota com pensamentos liberais que queria se libertar dos padrões e costumes que todos ao seu redor viviam.
    E no primeiro romance de John Green, não foi diferente. Alasca foi, bem de perto, uma personalidade tão forte quanto Margo. Seu apego à literatura. Ser uma pessoa popular, mas com uma personalidade oposta do que muitos viam. E por possuir a atenção incondicional do narrador da história. Cheguei a pensar na hipótese de acontecer o mesmo final intrigante.
    Mas conforme fui entendendo os personagens secundários, e me aprofundando mais na história, minha opinião foi mudando. A mudança de comportamento dos personagens, ao longo do livro; as maravilhosas conversas, com apego filosófico, principalmente entre Margo e Quentin, e Quentin e seus Pais; e os momentos sem muita importância pra historia, mas que renderam muitas gargalhadas faz deste livro, uma boa indicação, que como eu, está tentando fugir da rotina literária de autores já conhecidos.

    ResponderExcluir
  6. Adorei o livro também, sou totalmente viciado em John Green. E parabéns pela resenha, ficou ótima! Abraços :)

    ResponderExcluir
  7. Também amei Cidades de papel, John Green é sempre sensacional!!
    E também fi um resenha sobre ele no meu blog: http://socomentando93.blogspot.com.br/2013/12/resenha-cidades-de-papel.html

    ResponderExcluir
  8. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  9. Eu acabei de ler o livro e adorei, mas vou ter de fazer uma apresentação oral sobre o livro, e tenho de dizer porque é que se chama cidades de papel, e sinceramente não sei responder a essa pergunta, alguém me pode ajudar?

    ResponderExcluir
  10. Olá ! queria saber qual é a faixa etária desse livro (com qual idade as pessoas podem ler esse livro ) ou é livre pra qualquer idade ? Adolescente com 12 anos pode ler esse livro ? e 11 anos pode ??? Eu gostaria de ler esse livro mas eu queria saber com quantos anos pode ler esse livro !

    ResponderExcluir
  11. Eu adorei ler essa historia, eu gostei quase tanto quanto A CULPA É DAS ESTRELAS. Me fez pensar em muitas coisas e mudar minhas perspectivas de vida, tudo parece tão diferente depois de ler ele. É um livro que (particularmente) me apaixonei e recomendo a todos. Relerei ele varias vezes ainda. O filme foi fiel a historia e isso eu achei demais e muito bom. Adorei seu blog, já deixei em meus favoritos.

    Meu blog: www.umcontainer.com

    ResponderExcluir