Título: Memórias FictíciasAutora: Carina CoráEditora: Novo SéculoNº de páginas: 208Sinopse: Quatro diários. Três seres. Uma busca em comum: chegar à superfície da realidade. Uma torre, um lago de cristal, olhos de universo presentes em tempos diversos, em vidas cruzadas e em memórias fictícias. Um mundo imaginário perdido no limbo de uma casa que abriga relações misteriosas de uma família. Até que ponto suas memórias são verdadeiras? Através dos relatos de Coralina de Lilá, Bianca Giacomina e Érus atravessamos o fino limiar ente realidade e ficção.
Nota
Pessoal:
Memórias Fictícias traz uma proposta interessante. O ar de
mistério presente na capa e sinopse do livro me deixou tentado a lê-lo. E bem,
eu resolvi mergulhar nessas memórias. Esperei mais da história, e sim, ela de
certa forma, me decepcionou.
Coralina acabou de se mudar para uma casa misteriosa no meio do nada.
Sua mãe, que havia aceitado o trabalho de cuidar de uma senhora idosa, não vê
problema com aquela mudança. Talvez, até seria melhor para ambas.
O que a garota não esperava, era que essa aparente pequena mudança
trouxesse outras de densidades discrepantes. E foi assim que Coralina começou a
se ver cercada de mistérios sombrios. A princípio com aquela torre na casa,
depois com o olhar enigmático e vingativo da senhora... E depois com o segredo
que a torre guardava.
O livro é dividido em quatro diários. Um escrito pela Coralina – nos
relatando o que aquelas mudanças trouxeram para sua vida; desde sua mudança
para aquela casa, até conhecer o garoto Érus, e o que ele acabou tornando-se
para ela. Outros dois, escritos por Bianca Giacomina (a senhora enigmática) –
um, nos mostrando o porquê de ter contratado a mãe de Coralina como forma de
atrair a garota; outro, contando quem é o garoto misterioso chamado Érus, quem
ele foi no passado e o que o levou a se tornar o que é hoje. E o último escrito
por Érus, nos mostrando quem ele é verdadeiramente. Seus traumas, sua vida
antes das memórias fictícias... E seu maior segredo.
O enredo do livro mostra-se instigante, e a ideia principal da história
é realmente muito incrível – embora não seja nada inovadora. Eu,
particularmente, gosto desses livros que me desafiam a distinguir essa linha
tênue que separa realidade e ficção. Essas Memórias
Fictícias desafiam o leitor, a sozinho, separar o que é real ou não na
história. O que era aquela torre que só Carolina e Bianca conseguiam ver? Qual
era o misterioso de todo aquele mundo ali contido? Era verdade, ou tudo uma
forma de fugir da realidade?!
O que não foi nada legal é a forma como a autora desenvolveu a ideia. No
começo tudo me parecia muito corrido – aquela mudança rápida; aquela
necessidade artificial de descobrir e desvendar tudo sem deixar o ar de
mistério se mostrar presente – mas eu relevei achando que isso iria ser
melhorado ao longo das páginas (coisa que não aconteceu). Tudo continuou muito
corrido, as passagens de tempo me deixavam meio ‘como assim?’, e os personagens deveriam ser mais bem explorados
(eles tinham histórias legais que passaram despercebidas).
Acho que na verdade, a autora quis comprimir tudo em poucas páginas
(porque, eu não tenho dúvidas, a história renderia muito mais que 207 páginas).
E isso acabou por artificializar demais tudo: os personagens, os diálogos, as
cenas.
Em contrapartida, gostei da riqueza com a qual a autora descreveu os
cenários. Aquele mundo contido na torre foi realmente uma criação... Incrível.
As cenas nas quais, Coralina entrava naquele mundo paralelo eram quase
palpáveis. E é por isso que eu digo que o livro tem mais história do que as
páginas puderam abrigar. Se a autora seguisse a mesma linha de detalhar algumas
coisas, ir fundo nas histórias por trás da história, desafiar os leitores a
destrinchar o segredo e quebrar essa linha tênue realidade/ficção, o livro
realmente seria ótimo. Mas não foi bem isso que aconteceu. Eu tentei gostar dos
personagens, mas nem deu tempo de me familiarizar com eles.
A escrita da Carina tem um quê filosófico que é até muito bom, mas que
foram empregados, às vezes, desnecessariamente. E isso me faz falar novamente
sobre o quanto o livro é pequeno para uma história grande. A autora acabou se
prendendo muito a essa coisa de expor demais esse lado em momentos que não
deveria, e esquecendo-se de coisas que trariam uma maior riqueza ao enredo –
como relatar mais o mistério por trás da torre, explorar mais os traumas de
Bianca, oferecer os porquês de tudo (e não sei se a intenção foi justamente
essa, deixar no leitor essas perguntas).
Os capítulos são curtos, e isso ajuda muito na fluidez da leitura. A
capa realmente é muito convidativa e tem ligação direta com a história – essa coisa
de isolamento. Um romance é desenvolvido entre Coralina e Érus – e eu realmente
fiquei assustado com cada acontecido. Isso foi legal, porque nesse ponto eu
realmente não sabia até que ponto tudo aquilo era real; foi um amor
doentio e possessivo. O clímax desse ‘relacionamento’ ficou estranho de uma
forma legal, mesmo que não devidamente explorado.
Até hoje, depois de algumas semanas após a leitura, quando sento para
escrever essa resenha, eu não consigo entender como os fatos se sucederam... Eu
fico confuso toda vez que tento captar o que a autora quis passar com o livro (e
repito, não sei se essa foi à intenção da Carina: deixar-nos cheios de
porquês).
Bem, fica a critério de vocês, quererem ou não tentar desvendar os
mistérios e porquês dessas Memórias
Fictícias... Eu, não consegui – ao menos, não totalmente.
Boa Leitura!
Oi Ro, tudo bom?
ResponderExcluirNão conhecia o livro, olhando a capa e a sinopse me interessei, dai comecei a sua resenha e vi que o livro de uma certa forma te decepcionou :( dai fiquei com o pé atrás, mas quem sabe eu não de uma chance futuramente? Odeio quando criamos expectativas demais =(
Beijocas,
paixaoliteraria.com