terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

[Resenha] Perdão, Leonard Peacock - Matthew Quick

Título: Perdão, Leonard Peacock.
Título original: Forgive Me, Leonard Peacock.
Autor: Matthew Quick.
Editora: Intrínseca.
Nº de páginas: 224.
Sinopse: Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto.
 Nota Pessoal:
“E, no entanto, todos esses adultos – filhos, filhas e netos de nossos heróis da Segunda Guerra – continuam a entrar em trens da morte metafóricos, mesmo tendo derrotado os nazifascistas há muito tempo. [...] Por que não usar a liberdade para buscar a felicidade?” Pág.:43
Perdão, Leonard Peacock traz uma história um tanto triste e porque não dizer... Inspiradora. O enredo melodramático criado por Matthew Quick, autor que fez sucesso por aqui depois da publicação de O Lado Bom da Vida, é ao mesmo tempo divertida e cruel. Sabe aqueles livros que te leva de risos a lágrimas em questão de segundos?! Este é um deles. A narrativa impecável e desprovida de uma cronologia enquadrada faz do livro uma verdadeira obra prima, com lições legalmente reais sobre amor, superação e amizade.

Sob a visão do próprio Leonard Peacock, desvendamos a vida de um garoto estranho, deprimido e que guarda um segredo que o leva a querer cometer suicídio e assassinar seu ex-melhor amigo. Leonard é apenas um adolescente que parece não se encaixar em qualquer que seja o ‘grupo’, dentro ou fora da escola. Ele não tem amigos – fora o seu vizinho velho e seu professor de Holocausto – e ainda é obrigado a chamar de mãe uma mulher negligente que o deixa morando sozinho, bancando-o financeiramente, mas esquecendo do mais importante numa relação mãe/filho.

Cansado de tudo – e motivo pela tal coisa que aconteceu – no dia do seu aniversário, o garoto decide acabar com sua vida e com a do Asher (o ex-melhor amigo). Porém, antes de qualquer coisa, decide levar presentes as pessoas que de certa forma tiveram algum significado para ele.
E é aí que embarcamos nos devaneios do Peacock. Somos levados às conversas nostálgicas e esquisitas que ele mantém com o vizinho ‘esquisitão’. Até um ‘amor’ adolescente que ele compartilhou com uma garota que entregava panfletos evangélicos. Para enfim chegar ao cara incrível que é Herr Silverman (professor de Holocausto; na verdade, o melhor professor que alguém poderia ter).
“[...] Esses são os seus símbolos, o que vocês vestem para provar que sua identidade tem a ver com a identidade dos outros. Muito parecido com os nazistas e sua suástica. Temos um código de vestimenta bem livre, e ainda assim vocês vestem praticamente a mesma coisa. Por quê?” Pág.: 45
É extremamente difícil falar de Perdão, Leonard Peacock. Tudo no livro me fascinou; absolutamente tudo. A narrativa do Matthew é impecavelmente realista e crua e a forma como nos é contada a história do garoto Peacock nos faz ter ideia dos sentimentos adolescentes da forma mais transparente possível. Acho que essa é outra característica bem marcante desta obra, não sei se pelo fato do livro em questão ser a minha primeira experiência com o autor ou se seu jeito de contar uma história é realmente melodramático e tão crível a ponto de fazer o leitor identificar-se tanto (ao menos no período da leitura) com seus personagens.

E se você pensa que encontrará uma narrativa louca, contada por um garoto que decidiu ser suicida, não poderia estar mais enganado(a). Ao contrário de tudo que possa levá-lo a crer que teremos um enredo deprimente, o autor depositou no protagonista as diversas sensações que traduzem muito bem o que é ser um adolescente problemático. Não qualquer adolescente problemático, um adolescente problemático diferente; que parece ver a vida de uma forma diferente.

É quase embriagador os devaneios que aparecem ao longo do livro, seja pela amizade entre o Peacock e o seu vizinho, seja pelo aprendizado oferecido pelo professor Herr Silverman. Tudo é tão peculiar e filosófico que não pude deixar de me pegar olhando para o nada e pensando em como o Peacock tinha pessoas incríveis ao seu lado, e que seu maior problema talvez fosse focar somente num problema, que para ele parecia ser o ponto final de sua existência. Oh, Leonard, não era!

O que falar então do relacionamento dele com Lauren (a garota do panfleto)?! Ou do não-quase relacionamento. É justamente aí que o leitor percebe que definitivamente o garoto enxerga a vida diferente de todos. Parece que tudo que ia de encontro às convicções das ‘outras pessoas comuns’ o fascinava. Afinal, ela só chamara a atenção dele porque ninguém mais se importava com ela e seus panfletos idiotas.

Sem contar no mistério que o Matthew criou com aquelas camisas com mangas longas do Herr Silverman. Parece bobo?! Leia e você vai entender como é ficar obsessivo porque um professor insiste em usar camisas que cobrem os braços, faça chuva, faça sol. Olha, eu posso garantir que o que se esconde ali é tocante, intrigante, triste, alegre... E surpreendente. Sim, a palavra que melhor define é surpreendente.

E tem o tal segredo que me deixou total e completamente chocado... O segredo que deixou Leonard tão surtado a ponto de querer simplesmente desistir de viver. E caraca, Matthew, como foi chocante descobrir aquilo. Não foi algo ínfimo, foi algo... perturbador. Só lendo nas próprias palavras do autor – ou melhor, do Leonard -  para saber o quão repugnante é.

Agora chegamos à parte em que o Leonard concretiza o que o move durante todo o livro, certo?! Errado. Embora isso seja o pontapé para que toda a história se desenrole, enxergo o foco do livro como um grande aprendizado do Leonard. Por vezes eu até fui levado a crer que ele não tinha uma arma e pretendesse cometer aquela loucura...

Notas de rodapé. Quando li ‘O Teorema Katherine’ - John Green - nunca achei que fosse encontrar livro com notas de rodapé tão interessantes e legais. Isso foi até ler Perdão, Leonard Peacock. As notas de rodapé do livro dão um aspecto ainda mais curioso e legal ao enredo. O autor parece criar uma história dentro da história, se levado em consideração que algumas ocupam quase meia página.

Poderia escrever parágrafos e mais parágrafos e ainda assim a história se mostraria melhor que as minhas palavras. Por isso eu deixo a função com o Matthew Quick; ele, melhor do que ninguém sabe contar a história do Leonard. E agora?! Agora você vai lá e descobre como essa ‘loucura’ termina.

Boa Leitura!

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3 comentários:

  1. Oi Ronaldo :)

    Sem palavras para sua resenha. A capa, a sinopse, o estilo, tudo neste livro chama a minha atenção e depois da sua resenha lerei com certeza. Abraços!

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/

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  2. Já i esse livro e uma amiga minha super indicou! E agora depois da sua resenha, quero ler ainda mais rápido. Seu blog é muito lindo, ja segui. Eu ja falei do meu blog, mas não custa repetir né?
    www.biblioteque-se.blogspot.com
    Kisses, bia

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  3. Olha, leia então Os 13 porquês - Jay Asher. Não sei porque, apesar de diferentes, acho que são leituras que se completam.
    Achei demais esse livro! :)
    E as notas no rodapé foram um diferencial muito legal!!!!

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