segunda-feira, 17 de março de 2014

[Resenha] Mago Mestre - Raymond E. Feist

Título: Mago: Mestre.
Título original: Magician: master.
Autor: Raymond E. Feist.
Editora: Saída de Emergência.
Nº de páginas: 432.

Sinopse: A saga épica de Midkemia continua… Passaram-se três anos desde o terrível cerco a Crydee. Os três rapazes que eram os melhores amigos do mundo encontram-se agora a quilômetros de distância. Pug, um escravo dos Tsurani, está prestes a se tornar um dos maiores magos que já existiram. Tomas, um grande guerreiro entre os elfos, arrisca-se a perder sua humanidade para a armadura encantada que veste. Arutha, príncipe de Crydee, luta desesperadamente contra invasores e traidores para salvar seu reino. Mago Mestre é recheado de aventura, emoção e ameaças tão antigas quanto o próprio tempo. Com o segundo volume de A Saga do Mago, Raymond E. Feist volta a provar que é um dos maiores nomes da literatura fantástica na atualidade.


Nota Pessoal:

Neste segundo volume d’A Saga do Mago, temos uma história ainda mais surpreendente e grandiosa que o anterior, Mago Aprendiz, e conta com cenários e fatos que ultrapassam as expectativas do leitor que ficou ávido para encontrar na continuação do primeiro, um enredo ainda mais rico e complexo; e encontrou. Mago Mestre desvenda com maestria um mundo curiosamente interessante e traz em suas mais de quatrocentas páginas, personagens evoluídos e fronteiras que parecem incluir a obra e o nome do autor entre os mais importantes da fantasia épica. Neste livro, o convite de descobrir a obra-prima da fantasia épica parece fazer todo o sentido, além de realmente fechar o ciclo iniciado em Mago Aprendiz: a luta acirrada e tão duradoura entre os seres do mundo de Midkemia e os Tsurani.

Quando decidi iniciar essa série fiquei surpreso ao descobrir que ela continha 25 volumes. Decerto que isso é algo que realmente assusta o leitor, muito embora ela seja escrita em ciclos. Exemplo: a história iniciada no volume um termina no volume dois; o volume três começa outro ciclo, no mesmo mundo, com os mesmo personagens – ou alguns deles -, mas com foco em outra coisa. E este ciclo em questão, que vêm nos contar a história do menino Pug, aprendiz do mago Kulgan, e da luta entre Midkemia contra esses outros serem chamados Tsurani, que invadiram o mundo de Pug, termina realmente em Mago Mestre. E termina, real e literalmente, como um bom épico deve ser: cheio de batalhas, sacrifícios e com mensagens importantes sobre lealdade e amizade.

É impossível não se ater ao detalhe de que, diferente do livro que iniciou a saga, este segundo ganha proporções muito maiores e originais. Talvez pelo fato da história, por si só exigir uma evolução dos seus cenários e personagens, mas mais que isso, Raymond E. Feist soube delinear contornos que parecem dar uma beleza única a tudo que escreveu. O desafio é ainda maior e mais perigoso, já que o autor não se deixou prender somente ao mundo conhecido de Midkemia – e aqui eu repito que realmente a história exigia essa evolução – e partiu para o mundo dos Tsurani, já que o gancho deixado em Mago Aprendiz tornou possível uma exploração que enriqueceria a saga. E foi isso que aconteceu, Pug não é mais aquele garotinho aprendiz e Tomas não é mais um pobre sonhador. Agora eles são Pug, ou Milamber, um dos magos mais poderosos que já se ouviu falar, e Tomas, um homem que parece carregar na armadura que recebeu do dragão, um poder indomável e perigoso.

O livro começa nos mostrando o mundo dos Tsurani, com Pug e seu novo amigo Laurie – também de Midkemia – como escravos. O mundo parece trazer memórias há muito perdidas pelo tempo passado debaixo do sol, e assemelha-se muito com Mikdemia. Conflitos políticos mostram que ele não é de longe o mundo tão forte que mostrou ser frente à batalha travada em Crydee. Mas a história realmente começa quando Pug é descoberto por um d’Os Grandes – como os Magos são chamados naquele mundo – com um poder até então pouco explorado.

Já do outro lado do portal, na batalha incansável, que perdurou durante anos e levou aos braços da morte vários homens, Arutha assume o papel principal e se mostra um líder nato que sabe conduzir seu exército, independente da quantidade infinita de homens que chegam do outro mundo e pretendem ceifar a vida daqueles que tentarem impedir de tomar posse de Midkemia.
“- Você sabe o que é rir da morte, Arutha. Nunca mais você será o mesmo. [...]- Trata-se de uma visão de algo tão nítido, tão genuíno, que só pode ser loucura. Você vê o valor da vida e conhece o significado da morte.” Págs.: 150/151
A diferença agora é o papel assumido por Pug. E isso mostra a principal diferença e a evolução do primeiro livro para este; Antes, o garoto que era nada mais que um aprendiz, parecia não ter encontrado o seu real lugar na saga, muito embora ela já desempenhasse um papel que porventura poderia tornar-se tão interessante quando eu achei que fosse. A expectativa – ao menos foi a minha – e é o que o nome do livro sugere, é que o garoto seja o personagem mais intrigante e interessante da história. Em Mago Aprendiz ele, apesar de já se mostrar promissor, ainda não tinha assumido um papel tão significativo.

O que não acontece em Mago Mestre. Agora ele sabe exatamente o que é; se descobre um mago surpreendentemente poderoso e revela-se o personagem que eu esperei que ele se tornasse. Pug deixa seu nome e seu legado em evidência ao revelar um poder tão desconhecido e assustador – poder que até ele desconhecia – que o futuro de tudo está em suas mãos. 
“Pela primeira vez em sua vida, Milamber alcançou o pleno entendimento daquilo que era, de quem era: não um Manto Negro, limitado pelos ensinamentos antigos de um único mundo, mas antes um adepto da Arte Marior, um mestre que dominava plenamente toda a energia fornecida por dois mundos.” Pág.: 295
O autor reveza a narrativa que ora revela os pormenores do mundo de Midkemia, ora dos Tsurani. No mundo Tsurani, Pug está centrado e parece sustentar a história, mas as intrigas políticas e muitos outros personagens que parecem chegar para abalar as estruturas firmadas daquele mundo tornam tudo ainda maior. A história é realmente grandiosa, e embora o Pug mostre-se um personagem literalmente fascinante, muitas outras coisas acontecem no livro, muito outros personagens que nos foram apresentados no volume anterior revelam-se também promissores; e mesmo que para mim a maior revelação venha da parte do Pug – mais precisamente sua evolução de um livro para outro – a atenção não está centrada somente nele... O autor soube, ao mesmo tempo, desviar a atenção do leitor dos feitos do Mago – sem menosprezá-lo – e ampliar a visão da história. Porque realmente tinha muita história para ser contada, e tudo pareceu se encaixar. Melhor dizendo, este livro não deixou brecha nenhuma para a continuação da Guerra entre os dois mundos – ou até deixou, mas para um futuro bem distante -, e no próximo volume, podemos realmente esperar uma história focada em outras intrigas.

É importante ressaltar que mesmo tratando-se de um livro de fantasia, que narra uma grandiosa Guerra, as personagens também têm sentimentos. E o autor soube, com maestria é verdade, dosar bem esse sentimentalismo. Porque é claro, em guerras sempre se perde pessoas e com esta não poderia ser diferente. Então é um ponto forte também de Mago Mestre: a narrativa é realmente frenética e com muita ação, mas, quando necessário, Raymond E. Feist deu o toque sentimental nas cenas de morte e luto. E quando a dose melodramática mostrava-se necessária, o autor foi tão sutil ao escrevê-las!

Novos personagens são introduzidos e pelo que pude perceber muitos deles se tornarão mais significativos nos próximos livros da série. Na verdade eles já se mostraram grandes personagens neste.
Mas, não foram só novos que entraram; velhos conhecidos de Midkemia que fizeram ‘participações especiais’ em Mago Aprendiz voltam em Mago Mestre para se firmarem fortes... E outros para dar um adeus que me pareceu definitivo – mas que espero não ser. É esperar pra saber se eles voltarão a habitar as histórias Midkemianas.

Por fim, quero dizer que o livro foi ‘favoritado’ e ganhou um espaço especial na minha estante. Porque, não tenho dúvidas, A Saga do Mago é composta por livros que além de nos fazer sonhar e nos transportar para universos paralelos, ensina também grandiosas lições sobre amizades, perdas, família, conflitos, e principalmente sobre sacrifícios e amores.

Este é um livro que ficará entre as centenas de histórias que minha estante sustenta, para que algum dia eu volte a pegá-lo e de novo respirarei o ar das florestas de Midkemia, cruzarei vales com os anões, lutarei ao lado dos Elfos em Elvandar, e aprenderei a arte da Magia com os velhos – e nem tão velhos – Magos.

Mago Mestre é um verdadeiro clássico fantástico!

Boa Leitura!

Comente com o Facebook:

Um comentário:

  1. Esse tipo de livro não faz meu estilo de leitura, nem um pouco.
    Por isso não me interessei muito, mas acho a capa linda demais <3

    memorias-de-leitura.blogspot.com

    ResponderExcluir