domingo, 20 de abril de 2014

[Resenha] Delírio - Lauren Oliver

Título: Delírio.
Título original: Delirium.
Autora: Lauren Oliver.
Editora: Intrínseca.
Nº de páginas: 352.
Sinopse: Muito tempo atrás, não se sabia que o amor é a pior de todas as doenças. Uma vez instalado na corrente sanguínea, não há como contê-lo. Agora a realidade é outra. A ciência já é capaz de erradicá-lo, e o governo obriga que todos os cidadãos sejam curados ao completar dezoito anos. Lena Haloway está entre os jovens que esperam ansiosamente esse dia. Viver sem a doença é viver sem dor: sem arrebatamento, sem euforia, com tranquilidade e segurança. Depois de curada, ela será encaminhada pelo governo para uma faculdade e um marido lhe será designado. Ela nunca mais precisará se preocupar com o passado que assombra sua família. Lena tem plena confiança de que as imposições das autoridades, como a intervenção cirúrgica, o toque de recolher e as patrulhas-surpresa pela cidade, existem para proteger as pessoas. Faltando apenas algumas semanas para o tratamento, porém, o impensado acontece: Lena se apaixona. Os sintomas são bastante conhecidos, não há como se enganar — mas, depois de experimentá-los, ela ainda escolheria a cura?

Nota Pessoal:

“ – Sabe que não é possível ser feliz a não ser que às vezes se sinta infeliz, certo.” Pág.: 24

Delírio traz uma proposta inovadora num gênero que fervilha e atrai centenas de milhares de leitores: distopias. O romance de Lauren Oliver, que se passa nos Estados Unidos e tem como foco o amor como doença, é realmente atraente – até pelo trabalho gráfico da editora - e embora tenha características que parecem fundamentar a maioria das distopias, segue um ritmo mais lento, que a princípio pode mostrar-se um empecilho na leitura, mas leva o leitor a um futuro ao mesmo tempo, curioso e assustador.

Ao abrir o livro você vai ser levado aos Estados Unidos – distópico – onde o amor é considerado uma doença – amor deliria nervosa – e todas as pessoas são obrigadas a passar por uma intervenção ou cura. Elas vivem sob um conceito de felicidade e liberdade distorcido pelo governo opressor, e toda sua vida é ditada sob as regras do país, inclusive o fato de que o seu parceiro é escolhido através de um pareamento – seguindo as semelhanças entre classe social, etc. etc.

E está chegando o dia em que a Lena completará 18 anos e passará pela intervenção. A garota alienada não vê a hora de passar por tudo isso e viver uma vidinha tranquila com o parceiro que lhe for designado. Ela mora com parentes e carrega o sangue ‘contaminado’ da mãe, que supostamente teria morrido por causa do deliria nervosa.
Mas tudo muda quando junto com sua melhor amiga, Hana, ela conhece Alex, um jovem que causa alguns conflitos na sua cabeça de ‘menina que segue a cartinha da boa educação e sabe que não pode se apaixonar’. O jovem, que trabalha no prédio do governo, é misterioso e também se sente atraído por Lena.
Pronto. Ao mesmo tempo em que Lena não quer deixar de seguir as normas e não vê a hora da sua intervenção, ela se vê em conflito com essa nova possibilidade: a atração instantânea pelo Alex.

Em meio a tudo isso, a garota ainda enfrenta inúmeros conflitos familiares – outro tanto de personagens alienadas, tirando à pequena Gracie – e uma Hana – uma das minhas favoritas – que não está nem aí para o que o governo daquele país diz sobre a segregação de garotos e garotas: ela descobre festas e músicas proibidas e quer mais é curtir a vida antes de passar pelo processo de cura.

E como toda boa distopia, tem que ter aquele grupo de revoltados. Neste caso, eles vivem nas margens da cidade de Portland – local específico onde à história se passa -, na Selva, e são chamados de Inválidos; aqueles que vez ou outra dão um jeito de armar um protesto e lutam veementemente contra esse sistema; eles realmente acreditam que o amor é justamente a fonte da liberdade e felicidade.

“Todo mundo em quem confiamos, todos aqueles com os quais pensamos que podemos contar, com o tempo acabam nos decepcionando. Quando se veem livres para fazer o que querem, as pessoas mentem, guardam segredos, mudam, desaparecem...” Pág.: 89

A história é mesmo bem interessante, e embora a Lena seja bem chata com relação a muitas coisas, o enredo rico e personagens como Hana, Alex e a própria Gracie (a garotinha linda e corajosa prima da Lena) prendem o leitor e me deixou pilhado quando tinha que parar de ler – porque a vontade que dá é não largar até que o final chegue.

A narrativa da Lauren Oliver é também outro ponto positivo. Embora a história seja contada pela Lena – que por vezes é bem chata - a narrativa é super fluída e os diálogos são bem estruturados. A autora que ora faz descrições minuciosas – que nada interferem na fluidez – ora dá uma dinamicidade e leveza, soube arquitetar e estruturar uma proposta curiosamente interessante e de uma forma tão boa quanto possível.

Tirando o foco da vida da protagonista, o livro é cheio de fatos isolados que ao juntarem-se caracterizam mais que bem a intenção que é a Lena passar de menina boba e alienada a uma garota forte e que entende o amor não como uma doença, mas como a cura para várias.

A autora destrincha muito bem o clima de medo e tensão que permeia e caracteriza sua obra e vendo assim é até compreensível essa alienação da Lena, já que ela foi criada sendo ensinada que o amor era algo errado e que sua vida só seria perfeita se vivida seguindo as regras do governo. Ao longo das páginas, vivenciamos as demasiadas emoções que entram em conflito quando Lena se vê obrigada a encarar uma Hana revoltada... E claro, quando encontra o Alex. Eles protagonizam as cenas de um amor proibido em meio ao caos.

O fim do livro é daqueles que te deixa morrendo de vontade de saber o que vai acontecer depois. É legal quando isso acontece porque mostra que a intenção da autora foi mesmo deixada bem claro: tem mais história para ser contada, e você, leitor, precisa ler porque é inevitável depois do que acontece no final do volume anterior.

Então vamos lá... descobrir como a Lena vai fazer para contornar o caos que se abateu na sua vida depois que descobriu que o amor é a fonte de sua felicidade. Pandemônio parece-me mais intrigante que este e eu não vou me negar a descobrir junto com ela. Depois eu volto aqui para contar como foi.

Boa Leitura!

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